aos anjos cúmplices…
dão-se pássaros cor de céu
e bagas vermelhas e doces.
Fala-se em sussurros, soluçando,
pelos que já jazem em sossego.
Calam-se os lábios sangrentos com
mel de rosmaninho,
e cobre-se a pele de cor fúnebre
com um manto bordado a estrelas.
E o cheiro, a maresia. Ou a incenso.
Perpassa e funde-se na alma. No ser.
Dão-se pulseiras de prata,
aos anjos cruéis que nos escolhem a porta,
deixando um rasto de palavras rabiscadas
pelo chão, pela superfície de tijoleira.
anjos, anjos encovados,
anjos mendigos
o são.
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já não há palavras. já não chegam aos lábios. aos dedos.
não estremecem sequer, nem tentam procurar por dríades e ondinas para lhes passar ao de leve pelos cabelos, como outrora, naquelas noites mornas doces de mel.
não há crença, somente descrença e desilusão e engano.
somente prudência. e uma sensação de abismo.
queima-te para que saibas
e atira-lhe sal, envolve areia em papel de algas e de brumas.