Tuesday, November 17, 2009

(nome soletrado | 2006)


Faz uma vénia por entre a névoa.
E dança, bailarina.
As ruas soletram o teu nome
e o teu nome, trazido pela brisa da noite sem dono,
vai pousar no arrependimento de uma sombra inquieta oculta na soleira de uma porta fechada,
o espectáculo acabado há horas.
Faz uma vénia pela névoa, no teu momento de solidão,
e agradece às flores que caem de uma varanda próxima
pois que esta é a sua forma de aplauso silencioso e poético.
As ruas ainda soletram o teu nome,
e o teu nome, com a saudade imersa nele, é premonição para qual fatal desfecho.
Fechas os olhos, bailarina, enquanto danças.
Enquanto morres, enquanto voas.
Morres para a humanidade, voas para os teus sonhos imortais.

E voas, porque é a tua fuga.

O teu nome é soletrado, sussurrado, abraçado
pela sombra inquieta oculta na soleira de uma porta fechada
cujo coração já não tem
porque já a si não lhe pertence.
Alguém o encontrará, pela manhã,
cravado na porta por onde um anjo todos os dias entra para dançar.
Guardado nas ruas por onde um nome será repetido sem cessar,
lembrado na névoa agora sem vénia.

1 comment:

The White Riddler said...

lindo =)

consegui imaginar tudo.. e que bela imagem me proporcionou =)

quem me dera saber escrever assim O.O

e não me venhas dizer que já não escreves bem. escreves sim! sinto.me sempre inferior perante as tuas escritas, pf, parva. unf.

=p