Friday, December 31, 2010

a rapariga das unhas vermelhas, parte I (comentários/críticas/sugestões sumamente APRECIADOS)

(rascunho )

Todos os dias, depois de chegar do trabalho, a rapariga das unhas vermelhas descalçava-se e punha-se à janela, a sonhar.
Tinha cabelo castanho-claro, pelos ombros, e pele branca e macia. Mas as suas unhas estavam pintadas de vermelho, e de um vermelho bem vivo e bem brilhante – daqueles tons de vermelho que lembram a cor das cerejas maduras e das maçãs dos contos de fada e de rebuçados de morango perdidos algures no tempo.


A rapariga das unhas vermelhas morava num primeiro andar com direito a uma minúscula e preciosa varanda. Aproveitando o passar dos anos, uma trepadeira escalara o seu caminho até à varanda, entrelaçando-se sorrateiramente pelos ferros gastos pela chuva, acabando por criar uma espécie de moldura natural que muito atraía as borboletas, os pássaros e outras pequenas criaturas nocturnas.
No Verão, a rapariga de unhas cor de bagos de romã conseguia até apanhar o perfume da dama-da-noite que uma vizinha tinha no seu quintal; no Outono, gostava de ver as folhas secas que costumavam descer, por vezes, leve e subtilmente, outras, meio entontecidas pelo vento, da sua varanda; e no Inverno, por breves instantes, abria as portadas para apanhar o cheiro a chuva que salpicava toda a cidade e respirar.


Todos os dias, depois de chegar do trabalho, a rapariga das unhas vermelhas punha-se à janela, a sonhar (por vezes, até sorria um pouco), e a noite fechava-se sobre si.
De que seriam os seus sonhos feitos, até hoje ninguém sabe, só se lhe poderiam adivinhar. Mas seriam sonhos entretecidos pelas mãos da saudade, com certeza.


[continua]

Friday, December 24, 2010

notebook .#3 scythe

(Outubro 2010 - mais um scan manhoso porque, neste preciso momento, não gosto de nada do que escrevi -_-' )