Saturday, June 04, 2011

pipocas e pega-monstros [excerto]


Escorregam pela folha, bebendo-me, aquelas horas, as primeiras, em que te conheci pela segunda vez.
Deste-me um pacote de pipocas com sabor a morango e eu dei-te um ‘pega-monstros’. As ruas cheiravam a chuva e aos rostos de pedra eternos dos deuses na sua escuridão, mas nós ainda não as aprendêramos a descrever.
No bolso, em número que muito grande a nós nos parecia, rebuçados comprados no quiosque da praça a um escudo cada. Cinquenta escudos assemelhavam-se-nos a uma pequena fortuna, nesses dias, gasta em pastilhas elásticas e cromos e livros de banda desenhada.
E tínhamos nos lábios os mesmos sabores, morango, limão, laranja e maçã, enquanto jogávamos ao berlinde na terra enlameada. 
[...] 
Éramos, fomos, alquimia e alquimistas, ladrões de nêsperas dois meses por ano. [...]

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